Na semana passada, o Rumble Pack foi convidado a invadir o evento pós E3 da Nintendo em Lisboa. Para além da presença dos próximos lançamentos para a Wii e DS, o objectivo principal foi mostrar que a futura Nintendo 3DS funciona e que não é bruxedo.

Numa altura que ainda estamos indecisos se o 3D é o futuro ou uma moda passageira, a Nintendo lá arranjou uma forma que lhe é barata e funcional de testar as águas. E não é que funciona?!

A 3DS é um produto realmente difícil de publicitar, não sendo permitidas imagens da consola em funcionamento uma vez que iriam surgir com tudo desfocado – é mesmo preciso experimentar a consola in loco ou o efeito 3D não funciona. O vídeo na E3 com Miyamoto e Iwata a entrarem para dentro da consola e objectos a saltar da mesma era uma brincadeira, a Nintendo pretende ser honesta ao promover as capacidades da consola mas ainda não temos ideia de como o farão. Por enquanto, há estes eventos.

Entrai e delirai

As demonstrações presentes não eram jogáveis à excepção de Nintendogs + cats, PilotWings Resort e Hollywood 61, uma aventura gráfica “meh” que tenta alguns puzzles ao estilo de Looksley’s Line Up através do 3D, mas sem usar a câmara, e que não será mencionado em mais lado nenhum deste artigo.

Estava lá também um trailer de um filme em 3D, como se a Nintendo estivesse a tentar dizer “é como no cinema!”, mas não estou convencido que haverá pessoas interessadas em ver filmes assim. Lembram-se de filmes como Shrek que saíram em formato de cartucho para o GameBoy Advance? Ou os UMDs? Será desta que haverá mercado para isso?

O 3D pode ser a coroa da futura consola da Nintendo mas o resto do hardware não é nada de se subestimar. Enquanto algumas das demonstrações não espantavam por aí além, outras como a demo não jogável de Metal Gear Solid 3D e a demo jogável de PilotWings Resort deixaram grandes expectativas.

Metal Gear Solid 3D… Perdão, Hideo Kojima’s Metal Gear Solid: Snake Eater 3D – The NAKED Sample by Hideo Kojima demonstrou o quão bonitos ficam os carismáticos filmes da franchise a correr em 3D, ao mesmo tempo que testava o potencial gráfico da consola e a sua resistência contra o sobreaquecimento perante longuíssimos vídeos em tempo real. O controlo da demo era limitado ao movimento da câmara, mas foi o suficiente para reparar na mistura inteligente entre objectos de poucos polígonos e texturas de alta resolução que são possíveis nesta portátil. Prevejo já a conversão de alguns jogos de outra certa consola de bolso.

Ainda no tema de altes gráfiques, há que mencionar a demo de Resident Evil 5: Revelations pelo uso de modelos com faces bem detalhadas, mas nota-se o óbvio compromisso devido à falta de cenário à volta quando estas estão no ecrã.

Entretanto, PilotWings Resort, para além de confirmar que devia ter apostado dinheiro quando me meti a estipular que futura franchise Nintendo sairia do WiiSports Resort, provou-me também que é possível não ficar com os olhos desfocados a jogar em 3D.

Um dos problemas comuns das demonstrações presentes no evento, incluindo certos momentos do Metal Gear, é que quando o efeito 3D está presente por todo o ecrã e há muito movimento a ocorrer no jogo, torna-se complicado encontrar um ponto de foco e, eventualmente, a imagem fica desfocada. Isto é algo fácil de evitar se os criadores dos jogos aprenderem com os filmes em 3D – quando a acção é muito intensa, apenas determinados objectos é que “saltam” para fora do ecrã, havendo um destaque gradual do que é imagem plana e imagem em 3D.

PilotWings faz exactamente isso. Pelo que notei, o destaque de cada objecto está dependente da distância entre esse objecto e o Mii do jogador, que é aquilo que mais se destaca de tudo, sendo o ponto de referência para todo o efeito 3D. Para além disso, senti que a maior noção de profundidade torna a experiência de atravessar anéis com um avião mais controlável. E sim, as personagens tão memoráveis dos PilotWings anteriores foram substituídas por Miis - eu sei, que blasfémia.

Porque é que este jogo não estava lá?

Ter aquela sensação que algo está a sair do ecrã da consola é interessante — a maioria das demos baseavam-se nisso — e embora ficar com a vista cansada é algo geral a todo o tipo de ecrãs, o slider do lado direito do ecrã superior faz um excelente trabalho a regular o impacto do 3D, ao ponto de se poder desligar o efeito.

A consola ainda não está no seu estado final e possui aspectos que podiam ser melhorados – o volume das colunas podia ser maior, a caixa em si parece frágil e as duas câmaras externas, embora permitam tirar fotos em 3D, continuam com a mesma resolução da DSi (0.3 megapixéis). Por outro lado, os botões têm o mesmo tacto que os da DSi e o analógico é excelente, não vai haver polegar que escorregue deste botão direccional.

A Nintendo 3DS não tem data de lançamento mas já está confirmado que a consola vai sair dentro do ano fiscal actual da companhia, ou seja, até ao fim de Março de 2011.